obumda...
banda bloco bumbo baqueta bateria bamba bando boca beiço beijo
bela brega bisca bola baba bica bossa bunda bosta brejo babilônia
belém brás bixiga blague briga bambu bombeta berro bala bombarda
..bomba...
bum!


sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

só assim


tentaram me fazer acreditar na loira do banheiro
acreditar no homem do saco
na mula sem cabeça
coelhinho da páscoa
papai noel
deus

acredito, acredito
em possibilidades verdadeiras
gente de barriga e cabeça cheias
diferenças respeitadas
dinheiros rasgados
carinhos quentes
discursos realizados
cumprimentos cumpridos
sorrisos compartilhados

até quando tentarão continuar me tratando como um duende?

enquanto isto, sigo
e não estou sozinho

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

perceptiva

                             madame floripes descobriu 
                             que aqueles corpos no chão 
                          eram um de gente e outro de cão
                                           ah! o natal!

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

itinerário


cansei daqui
vou embora pra parri

cansei, me dá aqui
vou, embora, pra birigui

cansei, meda daqui
volver pra piripiri

cansei, tudim
vou voltar pro pari

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

imaginimagem - trova traquina


é a modernidade, dona fulô!
carro rápido e desgovernado
gente que canta em chororô
lá, inteiro, aqui, remendado

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

o que tem - trova traquina


                   e ela cantava lindo e fino assim
                   era dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, dó
                    desencantaram da coisa mirim 
                  pra brilhar põe na roda o seu fiofó

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

termostato sem tato - haicaiaqui


                                 calor no frio
                             confusas estações
                                 culpa do cio

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

tempo de - profinds


a retina marca
um olhar infinito, de tanto que cega. ela nas mãos dele que tremem, ele na boca dela. cabelos mexidos, peito estufado. telefonemas à noite, emeiuls contínuos, torpedos constantes. cartas flamejantes

a pele conta
um frio na primeira, um calor na segunda, promessas na terceira ?salgado com doce ?cinema em casa. presentes sem data. beijos surpresa. roteiro sem rumo. sussurro incontido. papai e mamãe. melhor conta é quatro. posições de baralho 

o relógio roga
desentocar para a praça. malhar o poder. blasfemar a usura. encarnar manifestos. futucar a ferida. extasiar em ciranda. trocar a fantasia.  viver uma história. derreter sem calor. te chamar de meu amor

o cuco culpa
a conta atrasada. o filho na bica. a antena virada. as drogas da moda. dormir de costas. cefaleias infindas. o vizinho bonzinho. a vizinha novinha !não me entende você ?quem fica com o quê

a ampulheta testemunha
viver sem barulhos. falar com as plantas. salivar com as fotos. comer com os poros. cantar com o disco. virar caramujo. se fazer de contente. chorar de repente. teclar com o mundo. ser tudo sozinho

inspirar e
caminhar pela borda. servir à sedução. retornar às ideias. falar com as mãos. olhar disfarçado. provocar um sorriso. se enganar no trajeto. se entregar em sedex ?não escutou. então repete. escrever sem parar. se lançar, se lançar 

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

generosidade - trova traquina


              a globo faz grana com o criança esperança
              o melhor momento pra provar que se é bom
              aproveite e faça aumentar a minha pança 
              não hesite e deposite no 0800 do robsoñ

domingo, 31 de julho de 2011

vai e vem - haicaiaqui

                                escondendo-se
                          fuga antes mas agora
                                entregando-se

sexta-feira, 29 de julho de 2011

norteando - profinds


até quis saborear o mundo. mas achei que me contentaria com metade. mas metade é um caminho certo para tudo. e tudo é muito

me lancei para o um quinto. bem menos. mais preciso. mas esta parte se mostrou tão grande e abrangente que me perdi em números, nomes, histórias

já não tinha muito a própria identidade. os caminhos já não eram automáticos, a ponto de, ao mesmo tempo, ouvir música, ler letras mal ordenadas em placas, ver no espelho se as sobrancelhas estavam alinhadas

o tempo também se mostrou arredio. não havia mais horas – relógio. a voracidade de dar e receber, mesmo com a melhor das intenções, mostrou que muitas energias ao mesmo tempo podem queimar a instalação

submergi. visitei desfiladeiros. me joguei em poços de mineração sem querer resgate tão cedo. talvez tenha perdido pedras preciosas. mas não tinha a iluminação necessária. os calores e suores antes tão desejados agora me transformaram em um motor quente de geladeira de sorveteria

avisei o mundo que, ele todo, está com espinhas e furúnculos. respira rápido demais pra quem gira tão devagar. até recomendei umas caminhadas, com paradas. mas o mundo lá... girando, girando. parei

sentei na poltrona da janelinha e, agora, passeio pela serra. já vejo o mar. e lá, a onda. e ela também me vê. eu, descendo. ela, chegando. um encontro que se faz. não mais com o mundo. mas com um mundo

(pintura de duarte vitória)

quarta-feira, 27 de julho de 2011

terça-feira, 26 de julho de 2011

enroscada - haicaiaqui


                                 entremeada
                            músculos e desejos
                              em mim grudada

sexta-feira, 22 de julho de 2011

flutuando - profinds


ei! olha lá! lá vai o balão! de mim leva cada letra feita à mão, à meia luz ou ao meio dia, eu sorria, mas era de agonia

de mim, o céu da cidade saberá que de tudo que há, eu mereço e quero a minha parte. já cansei de ser boazinha, mocinha legal e tal. agora também quero livros, tênis, ainda mais amigos e presentes de natal

minha bexiga é tão vermelha como o roxo do soco que tomei e dei. não fujo do osso que roo e corro atrás do filé. minhas palavras no papel levam essas dores que, pela luta, me mantêm em pé

eu subo, subo sim! flano pelos ares de tudo em volta. carrego bem mais que gás. suporto as mãos às vezes mal criadas, outras calejadas. levo sílabas que juntas mostram vidas

não tenho boca, mas meu grito preocupa gravatas. é pouco? grito mais alto e, até rouco, há um coro que não me deixa cair. porque insiste, resiste, não se aguenta e enfrenta.



(em homenagem à "poesia no ar", realizada em abril de 2011, na e pela cooperifa, que lança bexigas com poemas no céu da cidade de são paulo)

quarta-feira, 20 de julho de 2011

espírito elevado - trova traquina

             matutam dias pra aumentar impostos
             inventam datas pra aumentar as compras
             minha grana pouca pra construir estádios
             só faltam aumentar o preço da brahma

segunda-feira, 18 de julho de 2011

deslizante - haicaiaqui


                               surfar nas costas
                            dropar em elevações
                              qual jeito gostas?

sexta-feira, 15 de julho de 2011

e então - profinds

aê!
olá!
evoé!
saravá!

pedem muita compreensão
bondade e honestidade
e devolvem camburão!

falam de oportunidade
e na hora da divisão
sobra só uma maldade!

aê!
olá!
evoé!
saravá!

querem pronta compostura
cara insossa e sorridente
devolvem um quilo de impostura

chamam todos de importante
enquanto sirvam à sua usura
é gente fria e inconsequente

aê!
olá!
evoé!
saravá!

a questão não é etnia
pois sem grana e cartão
vira um sujeito sem valia

pra enfrentar esse mundão
é no concreto e na fantasia
é perna, coragem e coração.

aê!
olá!
evoé!
saravá!!

quinta-feira, 14 de julho de 2011

modernóide - trova traquina


                        a carroça, o carro, o avião
                        filho do desenvolvimento
                        mais poderoso que o cão
                        refém de congestionamento

sábado, 9 de julho de 2011

cadê? - profinds

deus? que deus? porque vos escondeis?
em lágrimas de quem nem mais tem água; nos palácios com cheiro de esgoto; nas coberturas sem telhado; na reta de balas certas encontradas em cabeças erradas; na caneta da justiça contratada; no confessionário do santo pedófilo; em bacanais de gente de moral ilibada; saracoteando com outros num bar de beira de estrada; planejando o próximo golpe e engomando o colarinho branco?

deus? que deus? estás em qual estante?
nos livros de capa dura pra passos cambaleantes; em fanzines guerreiros de combatentes insistentes; em aipods, blequibérris, saites, blogues, tuíteres, feicibuqs e noutebuques de mercadores infames; em tevês de quem não tem o que falar mas falam que só o quê; em telefonemas e torpedos carentes lançados em noites frias?

deus? que deus? estás em quais decotes?
em costas, coxas, colos ou em corpos inteiros; no meio de troncos ainda suados debaixo do chuveiro; num abraço apertado de dois, três ou mais de quatro na comemoração do campeonato; no olho no olho de um cumprimento sincero; num xingamento primata soturno de quando nem te deixaram com a chave da porta dos fundos; na fuga constante de uma energia que te pega; no desapego do desapego e um medo irritante de se entregar a todo instante?

deus? que deus? te atravessam a todo momento?
no palco, no púlpito, na praça, no parque, bar, terreiro, restaurante, na esquina, com a vizinha, na porta da zona, na cracolândia, numa parte do dia, a vida inteira, na cabeleireira, numa ameaça de castigo, parabenizando por mais uma besteira, falam em seu nome noite e dia em profusão, mas nunca apresentam a procuração

deus? que deus? onde tu existes?
isto desde sempre meus ouvidos são entupidos assim, que seu lugar é lá, ali, aqui; na boa ou na ruim sempre pronto a acudir; mas quando o roteiro desanda e cai todo o patrimônio, a culpa é do seu ex-anjo querubim – o demônio. e os animais racionais, que foram quase quadrúpedes, se esforçam pra pouco acontecer, e quando a bomba explodir com tudo, quem vai dizer que existe você? hein?

quinta-feira, 7 de julho de 2011

bum! - trova traquina

                      tampas de bueiros explodem
                      ministro imóvel implode
                      coisas e gentes que somem
                      nada é eterno mai gódi!

terça-feira, 5 de julho de 2011

degustativo - haicaiaqui


                                 língua gelada
                          não degusta nem cura
                                inflama agora

sábado, 2 de julho de 2011

caixinha - profinds


na minha caixa de papelão pintado guardo meus cubos de montar castelos assombrados, alguns estão em pé até hoje; têm lápis pretos que fizeram desenhos e coloriram minha infância; lápis coloridos que não conseguiram fazer divertida a vida de ninguém; há cartas de amor molhadas por tristeza ou agonia ou alegria, não lembro; telefones de seis números anotados de quem nem sei mais ou nem sabia;

algumas balas e bombons; alguns papéis de balas e bombons; tampinhas de refrigerante, fichas telefônicas, de fliperama e de bilhar; uns comprimidos pra dor de ressaca, outros pra controlar o colesterol; ingressos de lugares em que fui e gostei e de outros que nem entrei; chaves de portas que nunca se abrirão; uma carteira de trabalho desempregada; fotos com pessoas que amo, que amei ou que queria ver mortas;

embalagens de camisinha, uma ou outra aberta, outras fechadas; guardanapos de papel com marcas de beijo, outro com sangue; fotos de gente sem roupa, mas carregadas de carinhos; recadinhos de correio elegante das festas de são joão; uma flâmula do meu time; anéis que uniram e que separam; pedaços de gravatas de amigos e de calcinhas de amigas que casaram por tesão, ou por conveniência ou por medo da solidão.

livrinhos de caligrafia inúteis, só escrevo à canivete!; o manifesto do partido; a bandeira do partido e o broche  do partido; hoje, o partido é governo e parece ter esquecido que um dia esteve ao lado de quem ainda é esquecido; abaixo assinado contra quem devia ter evitado que amigos e conhecidos fossem assassinados;

abro minha caixinha de vez em quando. tiro umas coisas, coloco outras. as mais antigas ficam, sempre, é ali que me apoio. faço isto até sem pensar. tem vezes que pensar atrapalha o que a gente pode fazer melhor.

e quando chegar o dia em que não mais precisar dela, da caixinha, e de tudo que nela está, quero, um pouco antes, olhar pra dentro dela e ver tudo isto que falei estará lá. menos dezenas remédios, de coisas rasgadas, cortadas, essas eu não vou querer ter cultivado nem precisado muito.

é... vou querer que ela esteja assim, com tudo que um dia fui, de tão bom...e de um pouco de ruim.


quarta-feira, 29 de junho de 2011

imagenoscópio - trova traquina


                uma pedofiliou a infância de milhões
                outro bulinou a intimidade adolescente
                a primeira nem goza em cima de cifrões
                o outro é a pura santidade apodrecente

segunda-feira, 27 de junho de 2011

sacal, sacou? foinofinds



eu não tolero mais nenhuma cor, crença, idade, gênero, orientação sexual, riqueza e justiça.

não à indecisão da cor que será pintada a escola que você prometeu, mas nem ergueu.

não à crença de que tudo, tudo cairá do céu, assim, feito avião que você nunca voará, mas que poderá pousar bruscamente na sua cabeça.

não à idade que me dizem que é só mais tarde e que quando tarde chega, me dizem que meu tempo já foi de manhã.

não à mulher e ao homem que são obrigados a dizer sim, sim, sim, para que seus filhos possam dizer alguma coisa, mesmo que seja um não.

não a quem acha que o outro ou a outra não tem a liberdade de ficar ou não ficar com quem quer que se sinta bem, meu bem.

não à riqueza de intenções e pobreza de ações que só tornam obesa sua conta bancária enquanto a nossa se arrasta em uma ciranda econômica canalha.

não à justiça de julgamentos feitos sob medida, com fios de ouro, que não punem o ladrão dos nossos poucos tesouros.

pra cor da pele de cada um
pra crença naquilo que se quiser
pra que a idade seja agora
pra todos os gêneros tudo
e que se orientem pra onde o nariz e a energia bem quiserem
pra que a riqueza seja de espírito
e que a justiça tenha braços tão grandes que possa atender toda essa gente sem ser excludente...

três coisas pra dar jeito:
respeito, respeito e respeito. 

quinta-feira, 23 de junho de 2011

escrotíneo – trova traquina


                            e como sempre me pede paciência
                     jura que agora será melhor então
                     ouço isto velho, desde a adolescência
                     te dou o troco na próxima eleição 

sábado, 18 de junho de 2011

sangue - profinds


sou filho do filho de seu benedito, de maragojipe, da bahia, e de dona amélia, de itapetininga
sou filho da filha de seu luiz, de tietê, e de dona elvira, também de tietê
e isto faz toda a diferença pra ser o que não sou
não ganhei lábios carnudos de além mar
mas veio de presente uma cabeça erguida
não tenho todo o molejo das ondas
mas guardo uma irritante língua afiada
ao menos tenho os cabelos enrolados
pra esconder meus receios
fico feliz ao saber que acordo vivo
já que ao final da noite sempre morro
o sorriso no rosto, às vezes, é porque mastigo firme algumas hipocrisias
e a gargalhada é pra exorcizar todos os anjos que caíram no caminho
e só caminho porque não sei nada!
nem de onde vim, nem o que estou fazendo ao certo e nem o que há atrás da quina da próxima esquina
mas minha memória é fogo! aquela sua promessa não cumprida, o aperto de mão que, agora, vejo que foi em vão, é que me movem a te dar de presente este fósforo e esta garrafinha com álcool e este pavio aceso.
 
prazer: benedito luiz molotov
bom proveito. 

quinta-feira, 16 de junho de 2011

brasiliae corrupti - trova traquina


          o índio, com vergonha, se meteu no mato
          o japonês, desesperado, praticou haraquiri
          um cidadão de colarinho branco, mal-afamado
          quase morreu, bem de repente, de tanto rir

segunda-feira, 13 de junho de 2011

diálogo - haicaiaqui


                                 falo não fala
                            salivas soltas saltam
                                 bota na boca  

quinta-feira, 9 de junho de 2011

sem sopro


Ligaram-me para falar dela...
Que não mais sentiria seu cheiro de coisa nova
que não mais veria seus braços pequenos tentando contornar-me num abraço
que seus cabelos fofos não mais roçariam meu rosto pela manhã
que as coisas não mais voariam em minha direção movida por sua ira momentânea
que seus olhos não mais chorariam por causa de minhas palavras rudes
que não mais morderia e amaria sua carne, como se fosse a última
que não mais me entrelaçaria em sua alma, me sentindo pleno e completo
que não mais veria seu rosto alegre brincando com nosso cachorro velho
Nunca mais veria nada.
Ela quem fecha os olhos, eu é quem deixa de enxergar. 

Angelina Miranda

quarta-feira, 8 de junho de 2011

superação da raça - trova traquina


                o super-homem de nietzsche ultrapassado
                inventaram um mais potente que plutônio
                é o homem-pirlimpimpim desgovernado
                faz por mágica multiplicar o patrimônio