obumda...
banda bloco bumbo baqueta bateria bamba bando boca beiço beijo
bela brega bisca bola baba bica bossa bunda bosta brejo babilônia
belém brás bixiga blague briga bambu bombeta berro bala bombarda
..bomba...
bum!


domingo, 16 de setembro de 2012

sobremedido

tenho esse rosto porque desaprendi de medir

distâncias / suores / afetos

desaprendi de não me lançar
da onda / penhasco / pontes


desaprendi de, mesmo tudo doendo,
não olhar pro outro lado
da praça / do bloco / do fosso

é o que tenho
acho que não é pouco
é tudo que posso
e passo adiante               






pede tango


como ambos não sabemos
 quem sabe aprendamos
em laços, em nós
 quem sabe esses pés andarilhos
 não se aquietam
num quadrilátero...

 flutuante

(a quem interessar possa)
 a trilha é esta aqui, lasca astor!

bombásticaela

saindo pra ir atrás dela
a cavalo
a barco
a calhambeque de manivela

pra evitar que hiroshima, explodida
apareça, essa danada escondida
essa bandida!

fervente



o pior inverno
 é o interno

sou combustão
 te acho, verão

quinta-feira, 21 de junho de 2012

um querer querido

                                                   foto de jerry rodrigues

um tanto tempo
nunca se controla
de parir espanto
não se sabe hora

bamboleia e baila
gente que disfarça
quadril que queima
apetece a praça

balança na ladeira
parou com o pranto
sorri meio inteira
inicia um encanto

rimou no respiro
brilha feito um sol
reage em arrepio
melodia em bemol

nunca se encontrou
sempre se passando
até que se trombou
ó o mundo rodando



segunda-feira, 18 de junho de 2012

de quando mudar é morrer

eu, e uma pá de gentes
éramos, somos
e continuaremos sendo contra
o estupra, mas não mata

eu, e uma pá de gentes
éramos, somos
e continuaremos sendo contra
a rota na rua

eu, e uma pá de gentes
éramos, somos
e continuaremos sendo contra
quem nunca foi a favor

eu, e uma pá de gentes
éramos, somos
e continuaremos sendo sempre
o que nos orgulhou um dia

quinta-feira, 14 de junho de 2012

na mé_dia

passeando agora há pouco pelo centro de sampa. na cabeça a frase que não cansa: na média tudo tá nos trinques. tá? ah, tá sim senhor!(?) antes os rato mordia a gente. agora eles come os resto de lanche de gingilim, que antes não tinha, agora tem, sim                            

terça-feira, 12 de junho de 2012

como é que isto se chama?

a trilha

a imagem - feita por jerry rodrigues
(a legenda)
como é que isto se chama?
divinos infernais
pausa da guerra, paz
nos conhecendo demais
meu braço, sua cintura
o mundo ardil rodopia
meu pescoço, sua âncora

como é que isto se chama?
besuntados de batuques
clareia a alvorada
desnuda nossos truques
marcados em maracatus
nossas peles retesadas
muito tudo em eu e tu

como é que isto se chama?
paramos os ponteiros
a areia da ampulheta
revelo sou fevereiro
brilhamos em escuros
passamos perenes
arranhões consentidos


como é que isto se chama?
descansamos armadura   
o mal míngua lá fora
eu olho a lua que olha pra ela
essa é nossa novela
seremos denunciados
ela olha a lua, nos tocamos nela

como é que isto se chama?
inflama, faz jorrar
anima, desatina
rimos como vendo o mar
mais que fogo de escoteiro
pode ser de vez em quando
bem melhor o tempo inteiro


sábado, 9 de junho de 2012

sê de tua coisa - todas as paradas são andantes


minhas cores não me escondem
sou eu hoje, amanhã, ontem

variando o dia, bruto, vermelho
depende da noite, doce, azul
camaleão tão leonino, intenso

não presta me pregar no preto
bancar que devo ir pro branco

gosto da extremidade que sorri
mas não pense me aprisionar
se for tentar, transgredi, parti

sou de planar, periscópio cortante
mergulho, me afogo num rasante

fantasio o que bem quero, de amarelo
quando gosto de ver-te, viro verde
surjo tão complexo, assim singelo

nem olhe o que estou vestindo
opaco ou febril, sou puro instinto

desincomode de quem eu deleito
há tanto pra você tentar resolver
dedique-se mais ao seu desejo


segunda-feira, 4 de junho de 2012

não parará

a prefeitura fechou o bar do binho, lá na distância da zona sul de sampa, onde havia um dos saraus de referência da cidade

é, na periferia centro cultural é em bar, salão comunitário e tal, o poder público não gosta muito de lonjuras

e a prefeitura diz que é por causa de multas atrasadas, que a vizinhança diz que faz barulho

sempre me ensinaram que a prefeitura é pra procurar ajudar a organizar a nossa vida, juntar gente, conversar, pra resolver

mas a eficiência de arrecadar impostos e o moralismo da prefeitura são notáveis, como funciona! como atende bem os interesses que não são meus

há quase trinta anos pago impostos e, mesmo assim, há quase cinquenta ouço que tudo vai melhorar

mas, seu prefeito, o sarau não vai acabar

poesia não se mata!

ela faz pensar, agir

poesia só faz apaixonar

coisa que o senhor parece não saber, não entender

como a prefeitura não resolve o que eu preciso, quem vai fechar a prefeitura?

bem que eu queria um prefeito na minha cidade. não um delegado de costumes

quarta-feira, 23 de maio de 2012

mandrake!


a greve nos engrandece. eu sem trem. você com carro completamente parado. tô que não posso com meu ipodi. o som é elegante, genuíno, é rap do fino. você sua de pressa no seu dramático hidramático. quem se importa com seu importado parado na 23 de maio? rá, rá, rá. neste paradeiro conheço fernando, otávio, amanda. todos caminhando para algum lugar que não se chame trânsito. passo meio do lado do seu bólido estático. seu vidro abaixado de tanto resfriado do ar condicionado. faz eco no congestionamento a música do seu rádio que você quer esconder mas todo mundo vê. é, cidadão, essa parada nos iguala, até existe amor em sp

domingo, 20 de maio de 2012

cinco--pado




a cada cinco dias. mais ou menos exatamente assim, me apaixono e amo parte de algo ou de alguém. uma frase de desdém, uma correntinha no tornozelo, um dragão colorido ainda sangrando nas costas. duram 120 horas

faço, quase sempre, o que cada músculo quer pulsar. embora muito só percebam o que não executo. juro, rejuro, me faço de interessado – mas quero mesmo saber o porquê das pintas próximas dos mamilos. duram 7.200 minutos

sem quase dizer sílaba, som. basta um sorriso: canto canções nas madrugadas. bem baixinho, dentro do ouvido, pra não instigar também o vizinho. acompanho o trajeto de estrelas foscas grudadas no meu teto. duram 432.000 segundos

sinto que as saudades de passear de trem são tão importantes quanto comemorar a morte de juiz comprado. lamento, não, odeio ver minhas crenças de antes partidas – partido. duram 424.987.097,49 momentos

muito, não muito sempre, discordo da corda do relógio. da batedeira do cuco. tic-tac; tico-teco; bip-bip; din-don. não. engenhocas de relógio não podem me estrangular a jugular. daí que aqueles cinco dias não têm mais vez. agora são três 

terça-feira, 15 de maio de 2012

poder, pode


vamo vana, veta        
a fome do fígado         
a flacidez do fotoshopi
a carência do colo
o cruzar de cruzes
a melanina maltratada
a mordomia da mais valia

vamo vana, vota
na inteireza das quebradas
na graça do gozo
na firmeza das beiradas
nos cantos dos campos
no riso das ruas
no calor dos calos

ah, vana, aproveita
metralha a motosserra
com nada combina
inda mais com floresta

terça-feira, 8 de maio de 2012

o bom lugar


não conte a ninguém: é lá que pousam seres deste e outros planetas. gente que mesmo não se vendo há tempos parece que foi agorinha. melhor não espalhar, vai que vira manchete e vão querer vender até a quermesse!
não diga a muita gente: lá se encontram pessoas com um tempo muito mais saboroso do que o de relógio

ditão, regina, rosa, bozó, bia...

sabem a graça de contar e rir de um piada, mas, também, de blasfemar a última geração de quem for à toa

tartaruga, marquinhos, galvão, pedrinho...

as ruas têm cheiro de torresmo à pururuca, pipoca com queijo, cachaça da terra e canja da igreja. as gentes têm cores nos sorrisos, calores nos olhares

patrícia, zinho, geraldo, dudu, su...

é terra de encontrar o maior amor. também de lamentar a partida de quem só nos faz bem. as suas ladeiras não descem. elas nos lançam ao abraço instigante e aconchegante daquilo que está por vir

rafa, benito, maria, vinícius, paula, jojô...

parabéns, são luiz do parahitinga. são nossos os seus 243 anos. assim como olinda, aí é minha segunda casa

(foto de jerry rodrigues)

quinta-feira, 3 de maio de 2012

toma, rogério


é pra tomar uma douradinha! me explica rogério sobre o pedido por uma grana. não, não era esmola 
baixos da estação do metrô brás. quase centro de são paulo - longe do que pisadores de carpetes 8 mm poderiam chamar de um lugar bacana
pai separado, dois filhos com a mãe, deles, numa cidadezinha na bahia. só lembro do nome: bahia
é ajudante em construção de casas pra outras pessoas. especialidade em assentar pisos e azulejos. me mostra a prova maior: um par de chinelos de dedo, brancos de pó, de obra, de cal
agora, no momento, neste exato instante, está sem trabalho. mora em qualquer praça que não congele seu cérebro
ah! puxou nove anos de cadeia. assalto à mão armada. taí toda a capivara
fuço minha carteira. duas moedinhas de um real. tá na mão
não, não era esmola. quem tem história merece meu voto pra tomar o que bem entender

quarta-feira, 4 de abril de 2012

nanotudo

lembre-se do desespero do atraso. da hora que não chegou, mas que parece já ter ido. sinta a dor da espera, infinita pra você, mas acelerada pra quem estiver chegando. tente perceber o quanto de audácia era ver alguém desdenhar do relógio e fazer crer que um nanonada de segundo é uma noite inteira de lua cheia. assim era ademir da guia, que em 3 de abril fez 70 anos, dias, milênios
o senhor dos bons tempos 
Ademir da Guia
Ademir impõe com seu jogo 
o ritmo do chumbo (e o peso), 
da lesma, da câmara lenta, 
do homem dentro do pesadelo.

Ritmo líquido se infiltrando 
no adversário, grosso, de dentro, 
impondo-lhe o que ele deseja, 
mandando nele, apodrecendo-o

Ritmo morno, de andar na areia, 
de água doente de alagados,

entorpecendo e então atando
o mais irrequieto adversário

(João Cabral de Melo Neto)

segunda-feira, 2 de abril de 2012

parque pedregoso


morrer de sede na bica da cachoeira. esta foi a sensação que tive, hoje de manhã, passando pelo parque dom pedro II, bem no centrão de são paulo, pertinho da 25 de março, do mercadão municipal, um dos pontos turísticos mais famosos de sampa. está que dá dé di dá dó. se você está virado pra um lado, vê a arquitetura de antão, alguns prédios, quase nenhum, conservados, um ar de até saudade. tá tudo ali, lindo a me abastecer. mas vupt! virou pro outro lado, pode cair de costas pelo fedegoso rio tamantuateí e/ou abandono do parque, mato, entulho, buraco que envergonha até o rato. é como ser passarinho e não ter árvores pra sassaricar  daqui pra lá e, no meio do sobrevoo, lançar uma merdinha qualquer na cabeça de alguém

terça-feira, 27 de março de 2012

pã pãrãrãrã pã pã pã pã pã


por que é que o domador não veio? o leão, do imposto de renda, comeu

por que é que a plateia só chora? o palhaço estava com fome, pegou o nariz e comeu 

por que é que a rede do trapézio sumiu? 
o homem-aranha comeu

por que é que viriato está de ponta-cabeça na arquibancada?
ele é apaixonado pela abigail, a contorcionista...

sexta-feira, 23 de março de 2012

franchisco

seu francisco chora sem lágrimas. chico morreu
seu francisco é também cearense, só que do juazeiro, do norte. o que partiu é de maranguape. mas está tudo em irmandade

seu francisco fala de sua tristeza apoiado nos livros que acarinha no sebo em que trabalha, é no messias, fica na praça joão mendes, coladinha na sé, centro de sampa
seu francisco e chico: retirantes que nos trazem letras pra ajuntar nossos pensamentos, tanto as meditações de viver, as de matar, as de rir e as de ranger de raiva
seu francisco me acha o livro que pedi eu. trocamos mais umas palavras mais de conforto e lembrança, mas:
por que chico morreu?

quarta-feira, 21 de março de 2012

aranha radiofônica


há dez anos, alex fez esta obra prima com sua canhota malemolente
há dez anos, vivi, pelo radinho, esta maravilha. estava internado com erisipela na perna direita. dizem que é doença de governador  mal podia ficar sentado. latejava tanto minha canela que parecia junto chacoalhar a cachola
ganhei a dita em um bar de são vicente, à beira canal, provavelmente pela picada de uma aranha
essa safada me impediu de estar no estádio. mas foi tão mágico que, se estivesse lá, não acreditaria tanto quanto pelo meu bom companheiro à pilha

segunda-feira, 12 de março de 2012

desvirtuamento


pra não matar a gerente do banco, edemílson mata um gole de água que passarinho não bebe, mas, na real, bebe, sim, pra tentar voar melhor

pra não esganar a chefe carreirista, ludmila segura firme os pesos na academia, seus silicones cada vez mais televisivos precisam de uma boa estrutura muscular

pra não esfaquear o juiz cego, surdo e mudo, francarlos perfura a quase última das veias da perna, ainda bem que a muleta é de boa qualidade

pra tentar não se importar com a visita do príncipe  - tudo será reinado de agora em diante! ulalá! diz narcizete baba-ovo - ouvanasaltura isto aqui:


evoé!


quarta-feira, 7 de março de 2012

Lá, não!


Não quero que os políticos vão para o Inferno.
Sinceramente, tenho medo que dividam o Inferno em países e estados. Aumentem e tornem eletivo o cargo de Diabo. Com uma medida provisória, tomem posse da vida eterna e transformem o Inferno num lugar bem pior do que transformaram a Terra.

(Sales de Azevedo)

quinta-feira, 1 de março de 2012

um solo de solano


F da P

Amor
Um dia farei um poema como tu queres
Dicionário ao lado,
Um livro do vocabulário
Um tratado de métrica, um tratado de rimas
Terei todo o cuidado com os meus versos.
Não falarei de negros, de revolução,
De nada que fale do povo
Serei totalmente apolítico ao versejar…
Falarei contritamente de Deus, do presidente da República
Como poderes absolutos do homem.
Neste dia amor,
Serei um grande F da P.

(Solano Trindade)

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

fumacê

  
seu coxinha de farda e cacete
aqui a mando do eleito
não sabe o que se sucede
acha que porrada é o jeito

já tive derrotas e glórias
sou culto de banca e balcão
desando contar tantas horas
histórias de amor e maldição

me danei em trabalho diurno
me arrebentei de tanto serão
ferido, ferrado e fudido
agora também é escravidão
                            
em encruzilhadas me parti
em ofertas de um pouco tudo
e metamorfoseado me vi
em um mais dado do consumo

agora pra salvar o discurso
de que é tudo belo feito um loft
dizem que minha rua é sem uso    
sou alvo da tropa de choque

se caio no canto do crack
é claro que tem um escroque 
de fraque à cata da claque
se nega a me olhar como craque

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

sólegria

o quase garoto argentino – cara de menino – faz o que queremos e não queremos com a bola
é o craque do dia
que alegria

os garotos e garotas – caras de mais-que-maduros -  estão no crack, enxotados das tocas pelos ratos de gravata e cassetete
que alegre

os garotos quase santos públicos, asfixiados pelas craques batinas episcopais privadas, são esboços da normalidade
que felicidade

os alunos e alunas são espancados pela polícia educadora, invasora de campus, um lugar de craque aprendiz
que feliz