obumda...
banda bloco bumbo baqueta bateria bamba bando boca beiço beijo
bela brega bisca bola baba bica bossa bunda bosta brejo babilônia
belém brás bixiga blague briga bambu bombeta berro bala bombarda
..bomba...
bum!


sábado, 2 de julho de 2011

caixinha - profinds


na minha caixa de papelão pintado guardo meus cubos de montar castelos assombrados, alguns estão em pé até hoje; têm lápis pretos que fizeram desenhos e coloriram minha infância; lápis coloridos que não conseguiram fazer divertida a vida de ninguém; há cartas de amor molhadas por tristeza ou agonia ou alegria, não lembro; telefones de seis números anotados de quem nem sei mais ou nem sabia;

algumas balas e bombons; alguns papéis de balas e bombons; tampinhas de refrigerante, fichas telefônicas, de fliperama e de bilhar; uns comprimidos pra dor de ressaca, outros pra controlar o colesterol; ingressos de lugares em que fui e gostei e de outros que nem entrei; chaves de portas que nunca se abrirão; uma carteira de trabalho desempregada; fotos com pessoas que amo, que amei ou que queria ver mortas;

embalagens de camisinha, uma ou outra aberta, outras fechadas; guardanapos de papel com marcas de beijo, outro com sangue; fotos de gente sem roupa, mas carregadas de carinhos; recadinhos de correio elegante das festas de são joão; uma flâmula do meu time; anéis que uniram e que separam; pedaços de gravatas de amigos e de calcinhas de amigas que casaram por tesão, ou por conveniência ou por medo da solidão.

livrinhos de caligrafia inúteis, só escrevo à canivete!; o manifesto do partido; a bandeira do partido e o broche  do partido; hoje, o partido é governo e parece ter esquecido que um dia esteve ao lado de quem ainda é esquecido; abaixo assinado contra quem devia ter evitado que amigos e conhecidos fossem assassinados;

abro minha caixinha de vez em quando. tiro umas coisas, coloco outras. as mais antigas ficam, sempre, é ali que me apoio. faço isto até sem pensar. tem vezes que pensar atrapalha o que a gente pode fazer melhor.

e quando chegar o dia em que não mais precisar dela, da caixinha, e de tudo que nela está, quero, um pouco antes, olhar pra dentro dela e ver tudo isto que falei estará lá. menos dezenas remédios, de coisas rasgadas, cortadas, essas eu não vou querer ter cultivado nem precisado muito.

é... vou querer que ela esteja assim, com tudo que um dia fui, de tão bom...e de um pouco de ruim.


4 comentários:

Agente da Comunicação disse...

menino, vc tem uma veia poética e tanto. gosto dessa viagem de estilos dos seus poemas. com e sem rima. essa coisa paulistana de ver a vida. acho que é na poesia que vcs se colocam de forma exuberante. e vejo isso nos seus versos. não é puxassaquismo, aquela históriade que amigos não têm defeitos. é pq acho bom, muito bom messsssssmo. carlos ramos

Angelina Miranda disse...

arrepiei, que sensibilidade...

bumdabomba disse...

obrigado,queridos! e tem mais um coisa: obrigado, de novo! rssss

Anônimo disse...

Adorei... viajei para algum lugar de mim.
Bárbara